quarta-feira, 16 de maio de 2012

A vida não é um sonho #18



«Como era meu propósito, tinha chegado mais cedo à porta do meu escritório. Pus-me à escuta um instante. Estava tudo calmo. Deve ter ido embora. Experimentei a maçaneta. A porta estava fechada. Sim, o meu procedimento actuara como por um encanto: ele devia ter mesmo desaparecido. No entanto, uma certa melancolia misturava-se com isto: tinha pena do meu brilhante êxito. Remexia debaixo do capacho da porta, à procura da chave que Bartleby lá deveria ter deixado, quando acidentalmente o meu joelho bateu contra a almofada da porta, produzindo um som de quem bate, e como resposta veio de dentro uma voz.
 - Ainda não. Estou ocupado.
Era Bartleby.»


Herman Melville, "Bartleby", Assírio & Alvim, 1988


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