quinta-feira, 8 de maio de 2014

interpretose now #19




«sempre tive medo quando começo a escrever. só o sangue, o ranho, o suor, têm verdadeira dignidade de tinta. tenho medo de aperceber a nódoa de tinta permanente presa aos dedos, como se fosse um sinal indelével de doença incurável, vertiginosa. medo das feridas que alastram pelo interior do corpo, invisíveis, incuráveis como os textos. a memória destas textos é uma ferida com crosta de coral, reabre ao mais ligeiro respirar.

a tinta das palavras é semelhante a esta magra película de esperma ressequido. esgravato-o com a unha e surge um rosto, um corpo dentro doutro corpo. a dor.»

al berto

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