«Meu corpo interior — por fazer parte da minha autoconsciência — oferece um
conjunto de sensações orgânicas internas, de necessidades e de desejos reunidos ao redor de
um centro interior: o que é exterior é registrado de forma fragmentária, não alcança
autonomia e pertence à minha unidade interna por intermédio de um equivalente interno.
Não posso reagir de modo imediato ao meu corpo exterior: o tom emotivo-volitivo daquilo
que se relaciona com meu corpo está sempre vinculado às possibilidades e aos seus estados
internos — dor, prazer, paixão, satisfação, etc. Posso amar meu próprio corpo, sentir por ele algo como ternura, mas isso apenas significa o desejo constante que
tenho dos estados e das emoções que se realizam através do meu corpo, e esse amor nada
tem em comum com o amor que tenho pela exterioridade individualizada do outro.»
Mikhail Bakhtin, "Estética da Criação Verbal", Martins Fontes, 1997
Mikhail Bakhtin, "Estética da Criação Verbal", Martins Fontes, 1997
Sem comentários:
Enviar um comentário