segunda-feira, 16 de abril de 2012

a poesia não me interessa #32




Ninguém nos moldará de novo em terra e barro,
Ninguém animará pela palavra o nosso pó
Ninguém
Louvado sejas, Ninguém
Por amor de ti queremos
florir
Em direção
a ti
Um Nada
fomos, somos, continuaremos
a ser, florescendo:
a rosa do Nada, a
de Ninguém
Com
o estilete claro da alma,
o estame ermo do céu,
a corola vermelha
da purpúrea palavra que cantamos
sobre, oh, sobre
o espinho


Paul Celan, "Sete Rosas Mais Tarde", Edições Cotovia, 1996

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