a poesia não me interessa #44
Vai chegar a manhã.
A luz treme nos arbustos.
Algas, seixos, limos
guiam pelas fragas
a água sem fundura,
o ardor levantino do anil.
Ouves correr poalhas de bruma?
Silêncios do vento que renasce?
Seguro na mão que não seguras
uma lâmina de fogo, um erro
de árvores e olhas-me.
Pouso os lábios no teu pulso
para sentir o coração.
É tão perigoso ser feliz.
Joaquim Manuel Magalhães, "Uma Luz com um Toldo Vermelho", Presença, 1990
1 comentário:
"Pouso os lábios..."
Aprecio. Quem dera!
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