«A curiosidade dos homens investiga o passado
E o futuro e agarra-se a essa dimensão. Mas apreender
O ponto de intersecção do intemporal
Com o tempo, é ocupação de santo -
Nem é tarefa, mas antes algo dado
E recebido, na morte em amor de uma vida inteira,
Arrebatamento, humidade e entrega de si.
Para a maioria de nós há apenas o negligenciado,
Momento, o momento dentro e fora do tempo,
O assomo de descuido, perdidos num feixe de luz de Sol,
O tomilho bravo que não se vê, ou o relâmpago de Inverno
Ou a queda-d'água, ou a música ouvida tão profundamente
Que não é de todo ouvida, mas tu és a música
Enquanto a música perdura. Isto são apenas indícios e suspeitas,
Indícios seguidos de suspeitas; e o resto
É prece, observância, disciplina, pensamento e acto.
O pressentimento meio suspeito, a dádiva meio entendida,
é a Encarnação.»
T. S. Eliot, "Quatro Quartetos", Relógio D`Água, 2004
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