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Profissão
«Mal a morte se anuncia o instalador de luto, como exige a sua profissão, vem escurecer e tudo fica triste com nódoas e cinzas mágicas. Tudo fica com ar bichoso, piolhoso, de uma desolação infinita, ao ponto de parentes e amigos poderem apenas chorar o espectáculo depois de ele partir, invadidos por uma tristeza e um desespero sem nome.
Foi adoptada esta sensata medida e criada a profissão para o luto ser realmente irresistível e não terem os próximos de esforçar-se em parecer condoídos. Mas estão, estão-no ao máximo e ao ponto de se exortarem entre si os sem-coração: "Só há que passar dois dias, dizem eles; há que ter coragem, não é coisa que dure".
Com efeito, dois dias mais tarde chamam o assentador de luto e ele afasta por feitiço o horror e a desesperança que os seus deveres tinham levado a distribuir, e a família aliviada volta ao seu ar natural.»
Henri Michaux, "No País da Magia", Hiena Editora, 1987
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