«Pela palavra tornamo-nos livres, livres do momento, da circunstância assediante e instantânea. Mas a palavra não nos recolhe, nem, portanto, nos cria e, pelo contrário, o muito uso que dela fazemos produz sempre uma desagregação; vencemos pela palavra o momento e depois somos vencidos por ele, pela sucessão dos momentos que vão levando consigo o nosso ataque sem nos deixar responder. É uma contínua vitória que, por fim, se converte em derrota.
E dessa derrota, derrota íntima, humana, não de um homem particular, mas do ser humano, nasce a exigência de escrever.
Escreve-se para reconquistar a derrota sofrida sempre que falámos longamente.»
7 comentários:
Seria simpático saber qual é o livro citado e quem é a senhora da fotografia...
A senhora da fotografia é Maria Zambrano, posicionando-se em cima da mesma (da fotografia entenda-se) o nome o indica.
Quanto à citação não posso ajudar.
Mas o que se me oferece dizer e era o que vinha dizer é:
"nem mais."
Acho que é o "Metáfora do Coração", mas nem todas as citações têm de estar clarificadas, tem o seu quê ler uma citação sem contexto... (E o que eu gosto desta senhora!)
Uma mulher grande nas letras espanholas do século XX, com um percurso absolutamente fascinante, em parte devido à necessidade de sair de Espanha após a derrota dos Republicanos, ao lado dos quais sempre esteve.
Descobri-a há uns anos e nunca mais a larguei. Gosto particularmente de dois livros, dos quais retirei estes excertos que transcrevi no meu blogue:
http://thecatscats.blogspot.com/2006/05/identificao-identificao-se-se-realiza.html#links
http://thecatscats.blogspot.com/2006/06/dois-fragmentos-sobre-o-amor-extracto.html#links
Por muito engraçado que para alguém possa ser ler citações sem contexto (não é o meu caso) há um problema de respeito pelo autor e pela obra que, a meu ver, se sobrepõe a tudo o resto. A não identificação do autor e da obra propiciam o plágio, o «copianço», atitudes execráveis que as pessoas que trabalham com os livros deviam ser as primeiras a combater.
Aproveito para agradecer as ajudas sobre a autora e a obra, que fiquei com vontade de conhecer. Obrigado a todos.
caro c.a., os copianços e atitudes execráveis do género fazem-se com ou sem identificação das citações, como as pessoas que trabalham com os livros sabem muito bem... espero que disfrutes da María Zambrano. Há poucas escritoras como ela.
Cara Rosa, quando se trata de comportamentos execráveis a capacidade da mente humana é infinita, pelo que não tenho dúvida que o copianço existirá sempre. Ainda assim continuo a pensar que as citações que desconsideram os direitos de autor propiciam (ou seja, incentivam, tornam o contexto propício à verificação de) tais comportamentos, como aqueles que trabalham com os livros não podem deixar de saber. É o que me parece...
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