«A minha alma é monstruosamente egoísta: não teria suportado que eu fosse bela.
Falar do físico nas minhas circunstâncias é insensato: trata-se tão clara e evidentemente de outra coisa.
- Ela agrada-lhe fisicamente?
- Acaso quer agradar fisicamente? Nego-me a conceder o direito a uma apreciação assim.
Eu sou eu: e os meus cabelos são - eu, e a minha mão masculina de dedos quadrados é - eu, o meu nariz aquilino - eu. E, exactamente: nem os meus cabelos são eu, nem a minha mão, nem o meu nariz são eu: o meu eu é invisível.
Venerem o invólucro, agraciado pelo sopro divino.
E vão amar - outros corpos!»
Marina Tsvétaïeva, "Indícios Terrestres", Relógio D'Agua, 1995.
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