«É difícil viver aqui, respirar, mexer os dedos ao pé da respiração, olhar junto ao movimento do corpo, ter um corpo no meio da sombra, um nome com a sua luz própria na dilatação obscura dos nomes. Contudo é preciso viver, tem de se andar, para trás ou para frente, porque há o fermento no corpo, o sangue, a irradiação dita pernas e braços, é-se bípede, quadrúpede, miriápode – vem-se dar sempre a este sítio que devorou a rosa cardeal.»
Herberto Helder, ”Retrato em Movimento”, Editora Ulisseia, 1967