domingo, 8 de setembro de 2013

da espera

Inta Ruka,
My Country People (2003)

«Vejo bem que é uma dor que vem de muito longe mas que já não sabes donde. Olho-te um momento sem muita piedade – porque havia eu de ter muita? A piedade é uma forma de expulsarmos a amargura de nós a ameaça de não querermos que o seja. Guardo para mim a piedade que era para ti como posso não ter ilusões? Ponho-te a mão na face.
Espera lá por mim.»
                                                                                  Vergílio Ferreira, Em Nome da Terra, Quetzal, p. 196

« Espera lá por mim.
E foi só o que soube dizer. Deixei ficar ainda algum tempo a mão na tua testa. E a todo o momento esperei que me dissesses a última frase do teu entendimento. E sorri um pouco por dentro, porque na tua face tranquila, longe para sempre de tudo o que a agitou, era impossível que a dissesses. Dorme – disse-te ainda.»
                                                                                  
                                                                                   Vergílio Ferreira, Em Nome da Terra, Quetzal, p.264

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