quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Teoria da Conspiração #40 (ou o universo que está em jogo)
«Há em mim qualquer coisa de fundamental que me impede de jogar, seja no que for; não é um raciocínio, ou, pelo menos, eu não o sinto como tal; é um impulso, um instinto, uma estrutura e creio que poderíamos discutir indefinidamente sobre se essa estrutura é também uma estrutura do mundo ou se é apenas uma estrutura minha, particular; é, por exemplo, particular, no sentido de que você a não tem, ou ainda a não tem: você é ainda uma solução, não sei em que sistema cristalizará. Mas pode não ser uma estrutura particular minha no sentido de que adiro por aí às raízes do mundo; quer dizer: penso sempre, porque o mundo pensa, não jogo porque na essência do universo não há jogos. Mas então porque joga você? O não haver jogo essencial no universo não quer dizer que não haja jogos aparentes; estamos aqui como em física nas leis estatísticas, ou como nas simetrias dos cristais, apenas aparente, porque o átomo, base fundamental, é, por ser um fenómeno, assimétrico.»
Agostinho da Silva, "Textos e Ensaios Filosóficos I", Âncora Editora, 1999
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