Se algo te envolve múrmuro, impalpável,
tal como neste muro o esplendor
das glicínias, é a hora dessa dor
de tu não seres riqueza inesgotável,
nem como as flores ou como a luz que avança
em raios, transformando-se, e agindo
em similares imagens todas vindo
e que uma só embriaguez entrança,
um só veludo aonde as coisas jazem
assim torrenciais e tão inteiras,
param as horas, traçam as fronteiras
e nessa angústia nada fazem.
Gottfried Benn, "50 poemas", Relógio D'Água, 1998
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