terça-feira, 11 de dezembro de 2012

o homem de quarta-feira #44


«Diz-me uma coisa: não seria o cúmulo da estupidez pensar que uma candeia apagada está em pior situação do que antes de ter sido acesa? Connosco passa-se o mesmo: somos apagados, tal como somos acesos! Durante o período intermédio podemos conhecer algum sofrimento, mas para lá dos dois pontos limite gozamos de grande tranquilidade. Se estou a ver bem a questão, meu caro Lucílio, o nosso erro consiste em pensar que só há morte a seguir a nós, quando a "morte" tanto é o período de tempo que nos precedeu como aquele que nos seguirá. A morte é todo o tempo que decorreu antes de nós; que diferença faz, portanto que não iniciemos ou que abandonemos a existência, se em ambos os casos o resultado é o mesmo, isto é, o "não ser"?»

Séneca, "Cartas a Lucílio", Fundação Calouste Gulbenkian, 2004

Sem comentários: