A vida não é um sonho #24
«Eu conheci a anã da Trajanplatz. Ela tinha mais couro cabeludo que cabelo, era surda-muda e tinha uma trança de erva como as cadeiras reformadas à sombra das amoreiras das pessoas idosas. Alimentava-se do lixo da frutaria. Todos os anos ficava grávida dos homens de Lola, que à meia-noite acabavam o turno da noite. A praça ficava escura. A anã não conseguia fugir a tempo, porque não podia ouvir ninguém a aproximar-se. E não podia gritar.»
Herta Müller, "A Terra das Ameixas Verdes", Difel, 2009
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