segunda-feira, 25 de junho de 2012

espécie de oração particular #18


«Aprende
A não esperar por ti pois não te encontrarás 

No instante de dizer sim ao destino
Incerta paraste emudecida 
E os oceanos depois devagar te rodearam


A isso chamaste Orpheu Eurydice - 
Incessante intensa a lira vibrava ao lado 
Do desfilar real dos teus dias 
Nunca se distingue bem o vivido do não vivido
O encontro do fracasso —.
Quem se lembra do fino escorrer da areia 
                                                    [na ampulheta
Quando se ergue o canto
Por isso a memória sequiosa quer vir à tona
Em procura da parte que não deste
No rouco instante da noite mais calada
Ou no secreto jardim à beira rio
Em Junho»


Sophia de Mello Breyner Andresen, "Musa", Editorial Caminho, 1994

1 comentário:

Yoggi Pijama disse...

Os dois primeiros versos... Ainda estou a aprender.