«Continuo de pé em cima da mina. Tínhamos partido esta manhã em patrulha e eu ia em último como de costume, todos passaram ao lado, mas eu senti o clique debaixo do pé e parei logo. Elas só rebentam quando se tira o pé. Atirei para os outros o que trazia nos bolsos e disse-lhes para se irem embora. Estou sozinho. Devia esperar que eles voltem, mas disse-lhes que não voltassem. Podia tentar atirar-me de barriga para o chão, mas teria horror a viver sem pernas. Fiquei apenas com o meu bloco e o lápis. Vou atirá-los para longe antes de mudar o peso para a outra perna, é que tenho mesmo que o fazer porque estou farto da guerra e estou a sentir um formigueiro.»
Boris Vian, "As Formigas", Relógio d´Água, 2004
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