«Exprimir sob a forma de arte, com finalidade de catarse, uma tragédia interior, apenas o pode fazer o artista que, no momento em que vivia a tragédia, ia já tecendo os fios construtivos, ia já realizando a incubação criadora. Não existe a tempestade sofrida loucamente e, depois, a libertação através da obra, arriscando até o suicídio. É tão verdade que os artistas que realmente se mataram por causa dos seus casos trágicos são habitualmente cantores ligeiros, diletantes de sensações, que nunca nas suas obras deixaram transparecer nada do profundo cancro que os roía. Donde se conclui que o único modo de fugir ao abismo é encará-lo, medi-lo, sondá-lo e mergulhar nele.»
Cesare Pavese, "O Ofício de Viver", Relógio D'Água, 2004
5 comentários:
obrigada por esta partilha. palavras mais que sábias!
Olá V.!!! Que bom ver-te aqui :)))
Beijinhos
Ah... e o texto já agora... na mouche. Terrível e lindo.
«Não existe a tempestade sofrida loucamente e, depois, a libertação através da obra, arriscando até o suicídio.» Palavras do suícida Cesare Pavese.
É um belo texto. Mas, a ser assim, como explicar um caso como o de Holiday? Ou como o de Joplin?
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