![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmcD8gCmGuRRS2ByVOWvU5MICsOk85ZQMyEKWcTmXPaDr_4m9A1nGsM95qmwkMv8DNNiFJC6Pm2Iv72FwLwUxO1tMRDfHu01jV2KpL2BqshsQ4GwHYESDXbfQoiyleOU6vKg9dHSJuXC3v/s800/jean-claudedreyfus.jpg)
«Os especialistas da fome no mundo (há muitos e trabalham em conjunto com outros especialistas empenhados em fazer-nos acreditar que vivemos num reino de abundantes delícias, embora nenhuma “grande farra” se vislumbre...) vêm comunicar-nos os seus cálculos: o planeta será capaz de produzir a quantidade suficiente de cereais para que ninguém passe fome, mas o que é perturbante nessa visão idílica é o facto dos “países ricos” consumirem abusivamente metade dos cereais, só para alimentação do seu gado. Mas quando se conhece o gosto desastroso da carne que nos chega dos matadouros, proveniente de engorda acelerada à base de cereais, poderá falar-se de “países ricos”? Certamente que não. Não é para nos fazer viver no sibaritismo que uma parte do planeta tem de morrer à fome: é para nos fazer viver na lama. O eleitor, contudo, adora ser lisonjeado quando lhe lembram que o seu coração pode estar a ficar um pouco insensível - ele a viver tão bem enquanto outros países contribuem, à custa dos cadáveres dos filhos, stricto sensu, para que vá engordando. O que agrada ao eleitor, neste discurso, é ouvir dizer que vive como um rico. Sente-se bem a acreditar nisso.»
atribuído a Guy Debord, "Enganar a Fome", frenesi, 2000
Sem comentários:
Enviar um comentário