«[...] incorporámos o inferno no quotidiano do mais fascinante e atroz dos séculos. Basta passar em revista o imaginário deste fim de século -- da ficção à música, do cinema ao teatro, da biologia à tecnologia -- para ter uma ideia do ponto a que chegou um mundo onde o horror se tornou invisível, consumido como pura virtualidade, para ter uma ideia da metamorfose da cultura humana. Pode discutir-se se a desordem em que estamos mergulhados -- desde a económica até à da legalidade e da ética -- releva ou não, em sentido próprio, do conceito de caos. Do que não há dúvidas é de que o habitamos como se fosse o próprio esplendor.»
Eduardo Lourenço, "O Esplendor do Caos", Gradiva, 1998
2 comentários:
mas o caos é apenas uma das partes do esplendor. através do caos, conhecemo-nos e damos mais força à ordem.
sabes que o bosch nunca saiu da flandres? é preciso vê-los à nossa frente para de facto sermos subjugados por eles.
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