«Acontece às vezes, se calhar muitas vezes, o homem ferir-se com os espinhos que elas têm para se defender, fica com as mãos arranhadas por ter insistido em apanhar pela primeira vez o primeiro dos seios delas, e apesar disso insiste e tenta agarrá-los outra vez, e eles voltam a feri-lo.
Este primeiro explorador é que desenvolveu esses seios, é que os despertou; mas elas, que os devem indubitavelmente a este homem, que foi o único ferir-se com os espinhos novos e afiados, que puxou por eles com o risco de ser mordido, não costuma ser o que leva no fim e à sociedade esses seios ingratos. São outros que virão depois. Mas que isso não os desperte; a vida há-de vingá-lo, e esses seios, que as suas carícias fizeram crescer, virão a ser desfeitos pelas carícias.»
Ramón Gómez de La Serna, "Seios", Edições Antígona, 2000
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