sábado, 17 de março de 2012

A vida não é um sonho #15



«A morte bateu à porta da família com uma regularidade que se diria cronometrada. Maria, a mais velha de seis irmãos (1814), adoeceu de tuberculose no internato e morreu em Maio de 1825, com onze anos. Elisabete (1815) teve o mesmo destino - acabará de completar dez anos. Charlotte (1816), autora dos romances Jane Eyre (1847), O Coração de Shirley (1849), Villette (1853) e O Professor (1857), assinados com o pseudónimo de Currer Bell, foi, de todos, a que viveu mais tempo, chegando aos trinta e nove anos. No último ano de vida, casou com o vigário Arthur Bell Nicholls, cuja proposta de casamento recusara antes para cuidar do pai. Estava grávida quando morreu. Branwell, o único filho varão (1817) e em quem a família depositava grandes esperanças, morreu em 1848, aos trinta e um anos, afundado no álcool; apesar dos seus dotes, não passou de um pintor frustrado. Emily Brontë (1818), autora, sob o pseudónimo Ellis Bell, de seis poemas imortais e do romance O Monte dos Vendavais (1847), atingiu os trinta anos, e Anne (1820), a mais prosaica das três irmãs escritoras, os vinte e nove. É de Anne o romance Miss Grey (1847), publicado sob o nome de Acton Bell, e ainda A Inquilina de Whitefell Hall (1845). Maria, a mãe dos seis irmãos, morrera vítima de cancro antes de todos eles, em 1921. Só o pai (1777), pastor em Harworth desde 1820, ultrapassou a barreira dos quarenta, tendo falecido aos cinquenta e oito anos.»


Stefan Bollmann, "Mulheres que escrevem vivem perigosamente", Círculo de Leitores, 2007

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