«Aquele homem tinha medo de quem batia à porta, mas também de quem telefonava ou o fixava da janela do edifício em frente. E por isso, resolveu pintar as paredes do quarto de riscas brancas e azuis, de forma a assemelhar-se ao tecido do seu pijama. Logo que ouvia o rumor de passos suspeitos, ao longo da escada, corria a vestir o pijama e colava-se de rosto contra o muro. Por vezes era a sua mulher a procurá-lo ou a entrar em casa. Chamava-o. Mas estava tão camuflado que o quarto parecia vazio.»
Tonino Guerra, "Histórias para uma noite de calmaria", Assírio & Alvim, 2002
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