Até quando estaremos nós à espera do
que nos é devido... E em que curva estenderemos
nossos pobres joelhos para sempre! Até quando
a cruz que nos anima não deterá seus remos.
Até quando a Dúvida nos oferecerá brasões
por ter sofrido... Já nos termos sentado
muito à mesa, com a amargura de um menino
que a meio da noite chora, insone, esfomeado...
E quando nos veremos com os outros, à beira
de uma manhã eterna, ninguém já em jejum.
Até quando este vale de lágrimas, para onde
nunca pedi que me trouxessem.
Cotovelos
firmes, banhando em pranto, repito cabisbaixo
e vencido: até quando a ceia durará.
Há alguém que bebeu muito e está a zombar
e se abeira e afasta de nós - como negra colher
de amarga essência humana - o túmulo...
E menos sabe
esse obscuro até quando a ceia durará!
César Vallejo, "Antologia Poética", Relógio D'Água, 1992
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