«Adiante, adiante! Vagabundos que encontrava pelas planícies diziam-me que a fronteira não era longe. Eu exortava os meus homens a não pararem, apagava os tons de desalento que se formavam nos seus lábios. Tinham já passado quatro anos desde que eu partira; que longa canseira. A capital, a minha casa, o meu pai tinham-se tornado estranhamente remotos, quase como se não existissem. Vinte meses de silêncio e solidão decorriam agora entre uma aparição e outra dos mensageiros. Traziam-me curiosas cartas amarelecidas pelo tempo, e nelas encontrava nomes esquecidos, modos de dizer que me eram estranhos, sentimentos que não conseguia compreender. Na manhã seguinte, após uma única noite de repouso, enquanto nós retomávamos o caminho, o mensageiro partia na direcção oposta, levando para a cidade as cartas que eu já tinha preparadas havia muito tempo.»
Dino Buzzati, "Os Sete Mensageiros", Cavalo de Ferro, 2005
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