sexta-feira, 24 de maio de 2013
o poeta sabe menos que o poema #3
Compreendo que se adorem as mulheres,
se lhes beije e acaricie a beleza
- pessoal - em outro corpo como o seu.
Pois é seu corpo incrível maravilha
cuja demonstração aturde o ar.
Um corpo de mulher é uma paisagem
que seduz olhar, suspende o ânimo
e dá ânsias de percorrer a quem contempla.
Ondulações suaves. Firmes cumes
em túrgidas colinas levantados.
Azulados arroios quase ocultos
sob a polida pele onde decorrem.
Caminhos e azinhagas atraentes.
Tímidos brejos. E outros cimos ainda
a alcançar, com curvas de delícia
e grutas que as próprias mãos vão cativar.
É grato percorrer seu doce corpo.
Sentir o seu tépido clima. E com os lábios
saborear as sensações que dele emanam.
É lógico que se amem as mulheres.
Estranho é o contrário. Até o vê-las
fazer amor é agradável.
É um céu seu corpo. O céu humano.
Fora eu mulher e lésbica seria.
J. M. Fonollosa, "Cidade do Homem: New York", Antígona, 1993
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