sexta-feira, 31 de maio de 2013

interpretose now #7


«Vem o terror como tudo o que é primário do sono e do sonhar. Do sono originário que esparge terror e esperança com tanta frequência indecifráveis e possessivos. Somente libertador este sono que arranca das origens, porque dá a  ver e a sentir o que na calma da vigília e até nessas raras calmas que a história consente, e que formam parte do seu poder de sedução, se dão. O terror ataca o que, adormecido, o respira, surpreendendo-o para em seguida o possuir, detendo a sua respiração, petrificando-o. Ou imobilizando-o pelo menos. E também levando-o para outro reino, esse de onde seja só a vida, continuar a estar vivo ou, pelo contrário, oferecendo-lhe o outro reino onde a determinação não tenha lugar, onde o terror que vem da origem seja evitado, portanto. E o pensamento, assim ele é aguardado, possa ser como um desconhecido que chama à porta sem chamar e que fala sem pronunciar uma palavra.»

Maria Zambrano, "Clareiras do Bosque", Relógio D'Água, 1995    

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