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Virá a morte e terá os teus olhos -
esta morte que nos acompanha de manhã à noite, insone,
surda como um velho remorso
ou um vício absurdo. Os teus olhos
serão uma vã palavra,
um grito mudo, um silêncio.
Assim os vês, cada manhã
quando te inclinas só
ante o espelho. Oh querida esperança,
naquele dia saberemos também nós
que és a vida e és o nada.
Para todos a morte tem um olhar.
Virá a morte e terá os teus olhos.
Será como largar um vício,
como ver no espelho
ressurgir um rosto morto,
como escutar uns lábios fechados.
Desceremos o redemoinho, mudos.
Cesare Pavese, "Trabalhar Cansa", Edições Cotovia, 1997
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