quarta-feira, 6 de novembro de 2013

presente do indicativo


Prendo-te o rosto, o corpo arqueado sobre o instante, o dorso reflectido sobre o embuste da luz. Reorganizo-te o corpo, a sinalética desconhecida dos medos, traço-te a história. Nomeio-te na arquitectura frágil do meu dicionário privado, pouso-te sobre a mesa de cabeceira. Que talvez tenhas por nome apenas o que em mim tem nome. Madrugada a tempo de nunca se fazer alvorada, janela fronteiriça, chave pequena e olhar clandestino sobre esta longuíssima forma de fazer silêncio com as mãos. Fabrico fés, fabrico crenças e não há ninguém que saiba urdir as palavras, às costas dos meses, melhor que Novembro. O meu nome visto de baixo.
Beatriz Hierro Lopes
  

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