sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

interpretose now #1


«No amor, dois amantes ultrapassarão a vida limitada de seus anos terrestres e a levarão até à consumação do tempo, como eternidade: como limite máximo do mundo e vida. No conhecimento, um povo rebentará nos limites dum século da sua história (e cada um dos seus homens, nos limites da sua vida própria) os limites postos ao mundo conhecido, como Terra, abraçando-a circularmente, desvendando-a e possuindo-a num enlace e súbita iluminação, total. Na sua história, mas nela carnalmente, dramaticamente, por cada vida dum desses homens e todos juntos e unidamente, então rebentando o que surge como o possível concedido à força humana.
Será essa exigência última, a um tempo existencial e cognitiva, porque sempre dum saber como vivência, o impossível sendo a dimensão da tensão que se põe no arco para o desfecho da seta, - o que informa a história pátria: como existência terrestre dum ser colectivo.
Um caminhante em passagem aqui sobre a terra, ser finito e em trânsito, mas que para ela, sobre ela, trouxe uma medida do céu, como medida sem medida - a que humanamente se chama o impossível.»

Dalila Pereira da Costa e Pinharanda Gomes, "Introdução à Saudade (Antologia Teórica e Aproximação Crítica)", Lello & Irmão, 1976

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