sábado, 8 de setembro de 2012

Até hoje foi sempre futuro #1


«No mundo nada se cria, tudo nasce e se transforma, é o que a imperatriz exprime, no seu dominio sobre o momento presente, do qual emanam passado e futuro. O que ela representa dá forma a ambos, porque o destino de hoje é ser simultaneamente ontem e amanhã. É inimiga das coisas fixas, para ela nada é, tudo está a ser, tudo está em trânsito e é transição. Não há saltos, mas sim continuidade: a filha que ocupa o trono da mãe, não o sendo, é a mesma que ela: tal como a metáfora, que também é e não o é mesmo. Assim a morte é um outro nascimento, e se deixarmos que seja a coisa a revelar a palavra (Górgias), não temos necessidade de explicar nada disso com antíteses. Como é possível ser antítese o que faz sentido? Até aparentemente o que o não faz. "Lembra-te, homem, que és pó, e em pó te hás-de tornar".»

Alberto Pimenta, "A Magia Que Tira os Pecados do Mundo", Cotovia, 1995


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