quinta-feira, 19 de julho de 2012

Inaugurar sentimentos, o amor por vir #2



«Psique voltou para o seu palácio e seguiu o conselho das irmãs. descobriu então, adormecido no seu leito, um belo adolescente. Enternecida, comovida com a surpresa, deixou inadvertidamente cair sobre ele uma gota de azeite a ferver, de tal modo a mão lhe tremia ao erguer sobre o seu rosto a lucerna. Sentindo a queimadura provocada pelo azeite, o Amor (pois ele era o Monstro cruel de que falara o oráculo) acordou e, cumprindo as ameaças que fizera a Psique, fugiu para não mais voltar.
Abandonada pelo Amor, a pobre Psique começou a errar pelo mundo, perseguida pela cólera de Afrodite, indignada pela sua beleza. Todas as divindades se recusaram a acolhê-la. A jovem fugiu até que finalmente a deusa a alcançou: levou-a então como prisioneira para o seu palácio, atormentou-a de mil maneiras, impôs-lhe múltiplas tarefas - escolher cereal, tosquiar carneiros selvagens e até descer aos infernos. Aí deveria, por ordem de Afrodite, pedir a Perséfone um frasco cheio de água da fonte da juventude, mas não deveria abri-lo. Psique abriu o frasco e adormeceu de um sono profundo.» 


Pierre Grimal, "Dicionário da Mitologia Grega e Romana", Difel, 2009

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